quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

EBAL - Heb. ‘Ebal, de significado incerto.

Uma das mais altas montanhas da Palestina central (940 m). Situa-se a norte do Monte Gerizim, do qual está separada por um estreito vale. Na saída este deste vale situa-se a importante cidade de Siquém. O Monte Ebal (actualmente Jebel Eslamîyeh) é escarpado e rochoso e hoje em dia está quase desprovido de vegetação. Moisés conduziu os israelitas para este local depois de atravessarem o Jordão. Aí erigiram um altar e umas grandes pedras caiadas com cal, onde a lei deveria ser escrita (Dt 27:1-8). Moisés ordenou que seis das tribos hebraicas (Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali) permanecessem nas encostas do Monte Ebal, tendo depois pronunciado as maldições que recairiam sobre os transgressores da Lei (Dt 27:13-26; Dt 28:15-68; etc.). As outras seis tribos permaneceriam nas encostas do Monte Gerizim enquanto ele pronunciaria as bênçãos (Dt 11:29; Dt 27:11, Dt 27:12; Dt 28:1-15). Pouco depois de os israelitas terem invadido Canaã, cumpriram estas ordens (Js 8:30-35). O Pentateuco Samaritano lê “Gerizim” em vez de “Ebal”, em Dt 27:4, uma vez que Gerizim era a montanha sagrada dos samaritanos.
DURA - Aramaico Dûra’; de acordo com o acadiano (Dûru) significa “parede”.

O nome da planície onde Nabucodonozor colocou a imagem de ouro que deveria ser adorada por todas as nações (Dn 3:1). O nome permanece num dos afluentes do Eufrates chamado Nahr Dura, que se junta ao Eufrates cerca de 8 km abaixo de Hilla. Alguns dos montes ali à volta também receberam este nome. A tradição local que situa Dura na área de Kirkuk não tem bases históricas.
DUMÁ - Heb. Dûmah, “silêncio”.

Uma cidade na região montanhosa de Judá (Js 15:22), agora Khirbet ed-Dômeh, a cerca de 16 km a sudoeste de Hebrom.
DOR - Heb. Do’r; Fenício, D’r; Egípcio, Dyr.

Um lugar semítico significando “habitação”. Uma antiga cidade cananeia na costa mediterrânea, a cerca de 13 km a norte de Cesareia. A cidade é mencionada pela primeira vez em textos de Ebla do período pré-patriarcal, mas chegou à ribalta da história quando foi ocupada, por volta de 1200 AC, pelos invasores Tjekker que, tal como os filisteus, pertenciam aos Povos do Mar. A cidade foi atribuída a Manassés (Js 17:11; 1Cr 7:29), mas não foi ocupada senão no tempo de David e de Salomão (Jz 1:27). Salomão colocou toda a área de Dor sob a administração de Abinadabe, o seu genro (1Rs 4:11). Um selo hebraico do século VIII AC contém uma inscrição que diz: “Zacarias, sacerdote de Dor”. Isto significa que existia um templo e um corpo de sacerdotes em Dor quando esta cidade fazia parte do reino de Israel, ou que o dono do selo vivia em Dor. Os assírios conquistaram Dor (mencionada como Du’ru nos seus registos) no século VIII AC e transformaram-na numa província separada. Mais tarde foi dada a Sidom, depois caiu nas mãos dos Seleucidas e passou a pertencer à Judeia no tempo dos Macabeus. Em 63 AC, Pompeu tornou-a numa cidade livre, responsável perante Roma mas governando-se sozinha. O seu nome actual é el-Burj e o local situa-se a norte de et-Tantûrah. Garstang levou a cabo algumas escavações em 1923-1924. Provou-se que a cidade tinha sido fundada na Idade do Bronze (1600-1200 AC) e destruída no mesmo período, provavelmente pelos Tjekker. No tempo dos reis israelitas, Dor parece ter florescido grandemente.

DOFCÁ - Heb. Dophqah, de significado incerto.


Um local situado entre o Mar Vermelho e Refidim, onde os Israelitas acamparam, a caminho do Sinai (Nm 33:12, 13). O local ainda não foi identificado com toda a certeza mas deve ter-se situado em, ou perto de Serabît el-Khâdim e a partir do qual os egípcios deram o nome a Mafqat, ou então ter-se-á situado no Wâdi Magharah.

DIZAABE - Heb. Dîzahab, “de ouro”.


Um dos cinco locais que definem o território onde Israel acampou quando Moisés discursou pela última vez (Dt 1:1). O local, algures na região central transjordana, não foi ainda identificado com toda a certeza.

DIMONA - Heb. Dîmônah, “estrume”.


Uma cidade na região sul de Judá, perto de Edom (Js 15:22); não identificada com toda a certeza. É provável que seja a mesma cidade que é mencionada em Ne 11:25 - Dibom.

DIMOM - Heb. Dîmôn, “estrume”.


Segundo algumas versões, uma cidade em Moabe (Is 15:9); não identificada. Contudo, muitos eruditos consideram que se tratará de Dibom e citam provas textuais (incluindo o manuscritos) para apoiarem a sua posição. Jerónimo declara que os dois nomes eram usados alternadamente no seu tempo. A expressão “as águas de Dimom” indicaria, então, o Arnom, que corre a cerca de 5 km a sul de Dibom.

DIMNÁ - Heb. Dimnah.

Uma cidade em Zebulom (Js 21:35), provavelmente uma transcrição errada de Rimom.

DILÃ - Heb. Dil‘an, de significado incerto.


Uma cidade de Judá, perto de Laquis (Js 15:38); não identificada com segurança.

DIBLÁ - Heb. Diblah, “bolo de figo”.

Um local mencionado nalgumas versões de Ez 6:14; não identificado. Crê-se que os hebreus liam Riblah, em vez de Diblah. O r e o d são semelhantes no hebreu pré e pós-exílio e, por isso, são facilmente confundidos. Riblah é uma cidade 80 km a sul de Hamate, na Síria e, por isso, no limite mais a norte de Israel e a expressão “o deserto da banda de Diblá” significará “do extremo sul ao extremo norte”.
DERBE - Gr. Derbe.

Uma cidade em Lycaonia, mencionada pela primeira vez no século I AC. Fazia parte de uma secção da província romana da Galácia, no tempo de Paulo. Derbe foi conquistada pelos romanos em 25 AC e foi acrescentada à Galácia por Cláudio em 41 DC. Paulo e Barnabé pregaram nesta cidade durante a primeira viagem missionária de Paulo e aí fundaram uma igreja cristã (At 14:20, 21). Paulo visitou novamente Derbe durante a sua segunda viagem missionária (At 16:1, 2) e possivelmente durante a sua terceira viagem missionária (At 18:23). Gaio, que mais tarde se juntou a Paulo, era natural de Derbe (At 20:4).
Foram apresentadas várias sugestões relativamente à localização da antiga Derbe mas o local só foi descoberto em 1956, quando M. Ballance encontrou, em Kerti um bloco de pedra calcária com inscrições gregas mencionando Derbe. Kerti é um montículo de tamanho moderado, situando-se 83 km a sudeste de Icónio, a actual Konya. Um mapa situa Derbe a cerca de 72 km a sudeste de Icónio mas este mapa não incorpora as mais recentes descobertas no local.
DECÁPOLIS - Gr. Dekapolis, “dez cidades”.

Um grupo de dez cidades helenísticas, situando-se quase todas (com excepção de uma) na Transjordânia. A excepção é Citópolis (VT, Bete-Seã), que ficava na extremidade oriental da Planície de Esdraelom, num importante cruzamento a oeste do Jordão. Uma vez que estas cidades eram compostas principalmente por populações helenísticas, Pompeu, em 63 BC, tornou-as cidades livres, subordinadas ao emissário da Síria. Ele provavelmente quis promover o processo de helenização destas cidades e, por isso, impediu que elas fossem tomadas pelos judeus. As cidades administravam os seus próprios negócios e cunhavam as suas próprias moedas, que datavam de acordo com tempo por elas estabelecido. Foram registadas por Plínio (História Natural, v. 18) como sendo: Damasco, Filadélfia (VT, Rabate-Amom), Rafana, Citópolis (VT, Bete-Seã), Gadara, Hipos, Diom, Pela, Gerasa e Quanata. De tempos a tempos, algumas das cidades saiam da lista de cidades helenísticas consideradas como pertencendo a este grupo, enquanto que outras eram acrescentadas. Na lista de Ptolomeu (v. 15, 22), do século II, Rafana não aparece mas foram acrescentadas nove outras cidades (Abila, Abila Lisânia, Capitólia, Saana, Ina, Samulis, Heliópolis, Adra e Gadora), sendo dezoito ao todo. No tempo de Herodes, o Grande, Hipos e Gadara faziam parte do seu reino, tendo-lhe sido dadas por Augusto. Nero, mais tarde, deu Abila a Agripa II. A independência destas cidades terminou no século III DC, quando foram incorporadas na província da Arábia. Os Evangelhos mencionam Decápolis várias vezes. Muitas pessoas de Decápolis seguiram Jesus (Mt 4:25); o homem que foi libertado dos demónios contou a sua história em Decápolis (Mc 5:20) e Cristo passou uma vez por esta área.
DEBIR - Heb. Debir e Debîr, de significado incerto.

1. Um local na Transjordânia perto de Maanaim (Js 13:26); não identificada. O termo hebraico neste texto (lidebir) é tomado, por alguns eruditos, como significando “para Debir”, enquanto que outros o tratam de forma a ler-se o nome da cidade de “Lo-debar”.
2. Uma antiga cidade cananeia fortificada, também chamada Quiriate-Séfer (Heb. Qiryath-Sepher, “cidade dos livros”) em Js 15:15 e Quiriate-Saná (Heb. Qiryath-Sannah, “cidade dos ramos”). Na altura em que foi capturada por Josué, era habitada pelos anaquins (Js 10:38, 39; Js 11:21; Js 12:13) e terá voltado à sua posse, uma vez que, mais tarde, foi reconquistada por Otniel, o irmão mais novo de Calebe (Js 15:15). Foi atribuída aos sacerdotes e designada como uma das cidades de refúgio (Js 21:13, 15; 1Cr 6:57, 58). O local ainda não foi definitivamente identificado. Albright identifica-a com Tell Beit Mirsim, cerca de 19 km a sudoeste de Hebrom, uma identificação amplamente aceite. Estas ruínas foram escavadas por Kyle e Albright em quatro campanhas (entre 1926 e 1932), revelando dez camadas sucessivas de relíquias existentes na cidade.
Uma melhor proposta, originalmente feita por Galling e mais tarde apoiada por dados arqueológicos é a identificação de Debir com Khirbet Rabud, 12 km a sudoeste de Hebrom. As escavações levadas a cabo por M. Kochavi, para a Universidade de Tel Aviv, em 1972, trouxeram à luz provas que ajudaram à reconstrução da história da cidade. Após ter sido esporadicamente ocupada nos séculos precedentes, a primeira muralha foi construída nos últimos anos da Idade do Bronze (1600-1200 AC). A cidade, então, teria cerca de seis hectares. Depois de ter sido destruída ainda na Idade do Bronze, provavelmente pelos israelitas, foi reconstruída e no século IX AC foi construída uma nova muralha com 4 m, que rodeava uma área de cerca de cinco hectares. Senaqueribe destruiu a cidade em 701 AC, após o que foi mais uma vez repovoada e reconstruída. Foi conquistada e destruída pela última vez por Nabucodonozor entre 588 e 586 AC.
3. Uma cidade na fronteira norte de Judá perto do Vale de Acor (Js 15:7), talvez Thoghret ed-Debr, 12 km a nordeste de Jerusalém, na estrada que liga Jerusalém a Jericó.

DANJÃA - Heb. Dan Ya‘an, de significado incerto, se for o nome de uma cidade.


De acordo com algums versões, é um local situado entre Gileade e Sidom (2Sm 24:6); não identificado. Alguns eruditos vêem nele uma variante do nome Dã. Contudo, o texto hebraico coloca algumas dificuldades e têm sido sugeridas várias soluções. Alguns traduzem a frase hebraica por “desde Dã até Ijom”. Algumas versões, seguindo a LXX, escrevem Dã duas vezes, traduzindo a passagem em que a frase ocorre por: “Vieram a Dã e, de Dã, foram ao redor de Sidom”

DANÁ - Heb. Dannah, “fortaleza”.

Um local na parte montanhosa de Judá (Js 15:49); não identificado com toda a certeza.

DAMIM - Heb. ’Ephes Dammîm, de significado incerto.


Um local em Judá, entre Socó e Azeca, onde os filisteus acamparam e lutaram contra o exército de Saul, no tempo em que David lutou contra Golias (1Sm 17:1). Em 1Cr 11:13 é chamado Pasdamim (Heb. Pas Dammîm). Situava-se perto do vale de Elá (1Sm 17:2) mas ainda não foi identificado com toda a certeza.

DALMANUTA - Gr. Dalmanoutha, de significado desconhecido.


Um local que se situava provavelmente na margem ocidental do Mar da Galileia (Mc 8:10). A sua localização é desconhecida. Uma vez que o texto paralelo em Mt 15:39 fala de Magdala ou Magadã (segundo algumas versões, provas textuais favorecem o último dos dois nomes), Dalmanuta foi considerada um erro do escriba, significando, assim, Magadã.

DALMÁCIA - Gr. Dalmatia.

Uma zona na costa da Península dos Balcãs, no Mar Adriático. Os belicosos dalmacianos chegaram a pertencer ao reino do Ilírico. Quando a Grécia e a Macedónia se tornaram possessões romanas, os dalmacianos viveram numa semi-independência, umas vezes pagando tributo a Roma mas a maior parte das vezes revoltando-se. Depois de várias campanhas militares, foram subjugados por Octaviano na Guerra Ilírica (35-33 AC) e depois de outra revolta, foram subjugados por Tibério em 6-9 DC, antes deste se tornar imperador. Aquela zona foi depois transformada numa província romana. Após uma rebelião mal sucedida em 42 DC, tornou-se parte da província do Ilírico e foi provavelmente incluída no Ilírico a que Paulo faz referência em Rm 15:19. A Dalmácia é mencionada no NT somente em 2Tm 4:10, onde Paulo informa Timóteo de que Tito partira para a Dalmácia, provavelmente para levar a cabo as suas actividades missionárias.
DABESETE - Heb. Dabbasheth, “corcunda”.

Uma cidade na fronteira de Zebulom, perto de Jocreão (Js 19:11), provavelmente Tell esh-Shammam, cerca de 9.5 km a norte de Megido.
DABERATE OU DOBRATE - Heb. Daberath, de significado incerto.

Uma cidade no território de Issacar, na fronteira de Zebulom, atribuída aos levitas gersonitas (Js 19:12; Js 21:28; 1Cr 6:71, 72), agora Debûriyeh, uma aldeia cerca de 6,5 km a sudeste de Nazaré, na vertente ocidental do Monte Tabor. Uma vez que algumas versões atribuem Daberate à cidade de Rabite, que é mencionada na lista de cidades em Issacar (Js 19:20), é possível que a desconhecida Rabite seja um erro do escriba, significando, então, Daberate.

CUTA - Heb. Kûth e Kûthah, de significado incerto; Acádia, Kutû.


Uma cidade na Babilónia, cerca de 24 km a nordeste da cidade de Babilónia. Incluía o templo E-Meslam e era o centro da adoração do deus Nergal. Para além disto, Cuta pouco significou para a história da antiga Babilónia. Alguma pessoas de Cuta encontravam-se entre os que Sargon II (722-705 AC) instalou em Samaria após a sua destruição (2Rs 17:24). Estes colonos continuaram a adorar o deus Nergal no novo país (2Rs 17:30). Cuta é uma das poucas cidades babilónicas mencionadas na Bíblia. Os judeus chamaram, mais tarde, cuteus aos samaritanos. O local, agora Tell Ibrahîm, foi parcialmente escavado por Hormuzd Razzam em 1880.

CUSE - Heb. Kûsh, de significado incerto.


A terra dos cusitas, geralmente conhecida por Etiópia. Os assírios referiam-se-lhe como Kûsu e os babilónios como Kûshu. Nas Cartas de Amarna é chamada Kashi. Incluía a zona a sul do Egipto, mais tarde chamada Núbia, agora Sudão, que era conhecida dos antigos pelo nome de Etiópia e incluía também a área oeste da Arábia e secções a sul da Arábia (2Rs 19:9; Et 1:1; Ez 29:10, etc.).

CRETA - Gr. Krete.


Uma ilha no Mediterrâneo, com 256 km de longitude e entre 12 a 56 km de largura, situada 96 km a sudeste da Grécia. É uma ilha montanhosa e o pico mais alto é o Monte Ida (2458 m), situado no centro de Creta, o local lendário onde Zeus terá nascido. De acordo com os gregos, um certo Rei Minos terá fundado a civilização cretense. As escavações revelaram a existência de uma grande cultura nesta ilha nos tempos mais antigos. A história desta antiga cultura divide-se em três períodos: 1) o período minóico primitivo, contemporâneo da Era das Pirâmides no Egipto; 2) o período minóico central, correspondente ao Reino Central Egípcio e 3) o período minóico recente, contemporâneo da 18ª Dinastia Egípcia. Foram descobertos vários palácios nesta ilha, nomeadamente o que foi escavado em Cnosso, em 1900, por Sir A. J. Evans. Esta estrutura continha um labirinto de câmaras, antecâmaras, despensas, um teatro e um grande pátio central; e era provavelmente o labirinto da lenda grega. Ficou patente na sua arte que a civilização minóica atingiu um alto nível: cerâmica, obras em pedra e metal, arquitectura de muito bom gosto e belas pinturas murais foram preservadas em locais como Cnosso, Phaestus, Hagia Triada, entre outros.
O primeiro tipo de escrita minóica foi hieroglífico. Mais tarde, são inventadas duas formas de escrita linear. Uma delas, a linear B, foi decifrada por M. Ventris em 1953. Foi, assim descoberto que a língua destes textos escritos era uma forma primitiva do grego. Desde então têm sido encontradas, também no continente grego, tabuínhas de argila contendo textos escritos com o mesmo tipo de linguagem.
Os cretenses dos períodos minóicos parecem ter sido uma nação marítima, tendo mantido relações comerciais activas com o Egipto, a costa síria e a zona do Egeu. Por volta de 1400 AC, esta cultura minóica foi destruída por outra de um povo muito inferior, talvez os filisteus que, nas suas migrações em direcção ao este, destruíram a cultura minóica de Creta. A partir daí, Creta perdeu a sua importância na história.
Durante os períodos romano e helenístico, muitos judeus instalaram-se em Creta (I Mac 15:23; At 2:11; Tt 1:10-14). Os romanos ocuparam a ilha em 67 AC, transformando-a numa província senatorial. Subsequentemente, foi incorporada, juntamente com Cirenaica, na África do Norte. Os cretenses eram conhecidos por serem bons archeiros e também mentirosos, tal como se afirma no hexámetro citado por Paulo em Tt 1:12, que se supõe ter sido escrito por Epimenides. O navio que levava Paulo como prisioneiro para Roma, atracou num dos portos de Creta (At 27:7,8). Esta parece ter sido a primeira visita que Paulo fez à ilha. Aparentemente, mais tarde, durante o intervalo entre o seu primeiro e segundo encarceramento romanos, Paulo visitou a ilha, aí deixando Tito para que completasse a organização da igreja (Tt 1:5)

COZEBA - Heb. Kozeba’, “mentira”.


Um local em Judá (1Cr 4:22). O nome foi preservado em Khirbet Kuweizîbeh, 9.5 km a nordeste de Hebrom mas, uma vez que este local só tem relíquias que remontam aos tempos bizantinos, o antigo local poderá muito bem ter-se situado na vizinha Khirbet ed-Dilb, que contém relíquias datadas do 2º milénio AC. Alguns comentaristas identificam-na com Aczibe.

CORINTO - Gr. Korinthos.

Uma antiga cidade grega situada 8 km a sudoeste do actual canal que atravessa o Istmo de Corínto. Para sul encontrava-se uma montanha que se elevava a cerca de 550 m e no topo, conhecido por Acrocorinthus, da qual se situava uma cidadela e um templo de Afrodite. A localização de Corínto na única ligação terrestre entre o norte da Grécia e o Peloponeso, tal como o facto de a cidade possuir portos em dois golfos (o porto de Cencreia, cerca de 11 km a este de Corínto, no Golfo Sarónico e o porto de Lechaeum, 2.5 km a oeste no Golfo de Corínto), era responsável pela sua importância e riqueza. Corinto estava ligada a Lechaeum por dois muros paralelos. Uma vez que o canal (construído entre 1881 e 1893), ocupando todos os 8 km de largura do istmo, não existia nos tempos antigos, os pequenos barcos eram, muitas vezes, arrastados por um trilho em terra firme (conhecido por diolkos), desde o Golfo Sarónico até ao Golfo de Corínto e vice-versa.
Os primeiros colonos de Corínto não eram gregos. Mais tarde, os fenícios instalaram colonos nesta cidade e ele envolveram-se na manufactura de púrpura tingida com uma substância feita a partir de marisco. Dedicaram-se também à manufactura de têxteis, cerâmica e armaduras. Na última parte do 2º milénio, o povo de Ática tomou Corínto e, mais tarde, os dórios conquistaram-na. A cidade caiu nas mãos de Filipe da Macedónia e permaneceu sob controlo macedónio até que os romanos a declararam independente em 196 AC. Rebelou-se contra Roma e foi completamente destruída por Mummius em 146 AC, permanecendo em ruínas durante um século. Júlio César deu início à reconstrução da cidade em 44 AC, tornando-a capital da província senatorial da Acaia, com estatuto de colónia e tendo sido apelidada de Colonia Laus Iulia Corinthiensis. Por causa deste seu estatuto, tornou-se na residência de um procônsul (At 18:12). Este oficial mantinha a sua corte no centro do agora, ou mercado, tal como revelaram as escavações. A nova cidade tinha muitos templos, basílicas e uma grande quantidade de lojas.
Na cidade viviam muitos romanos, gregos e orientais. Existia ali também uma comunidade judaica suficientemente grande para possuir a sua própria sinagoga. Foi encontrado um caixilho de pedra onde se podia ler: “[Sina]goga dos Hebr[eus]”. Esta inscrição mostra que o caixilho pertenceu a um edifício do século IV AC que poderá, contudo, ter-se situado no local onde se situara a sinagoga do tempo de Paulo (At 18:4). O contraste entre o estatuto social de uma população muito variada era grande, sendo que dois terços da população eram composta por escravos. Por isso, muitos eram pobres e um pequeno número era extremamente rico.
A cidade era universalmente conhecida pela sua imoralidade. O termo “rapariga coríntia” era sinónimo de “prostituta” e “corintianizar” significava levar uma vida imoral. Nas comédias gregas, “coríntio” era ocasionalmente a designação dada aos bêbados. De acordo com Estrabão, existiam cerca de mil raparigas escravas trabalhando como prostitutas no templo, no santuário de Afrodite, localizado no Acrocorinthus. Uma inscrição mostra que tinham os seus próprios lugares no teatro. Estas condições lançam alguma luz sobre as referências que Paulo faz à imoralidade no mundo pagão, nas suas duas cartas aos coríntios (1Co 5:1; 1Co 6:9-20; 1Co 10:8; 2Co 7:1) e na sua carta aos romanos (Rm 1:18-32), escrita quando ele esteve em Corínto durante a sua terceira viagem missionária.
Expedições americanas têm levado a cabo escavações intermitentes em Corínto desde 1896. Praticamente todo o agora foi escavado, assim como secções da estrada de Lechaeum, do Odeão, do teatro, do templo de Asclepius e de algumas outras estruturas isoladas. Estas escavações tornaram possível o conhecimento correcto da vida na antiga Corínto. Foi descoberta uma inscrição contendo o nome de Erasto (provavelmente o homem mencionado em Rm 16:23); também uma do mercado do peixe (cf. o “açougue” de 1Co 10:25). No agora, foi descoberto o Bema, o tribunal do procônsul (At 18:12). Foi identificado por uma inscrição descoberta perto desse local.
Paulo esteve em Corínto na sua segunda viagem missionária e passou dezoito meses na cidade. Durante este tempo, fundou uma igreja (At 18:1-18) que, subsequentemente, exerceu grande influência. Mais tarde, Apolo trabalhou em Corínto com um considerável sucesso (At 18:24, 27, 28; At 19:1; 1Co 3:4). Paulo poderá ter visitado a cidade novamente durante a sua estadia de três anos em Éfeso (2Co 12:14; 2Co 13:1). Passou algum tempo em Corínto, provavelmente três meses, no fim da sua terceira viagem missionária, por volta do inverno de 57/58 DC (At 20:2, 3). Na sua carta a Timóteo, Paulo terá querido dizer que fizera, pelo menos, uma última visita a Corínto depois do seu primeiro encarceramento em Roma (2Tm 4:20). Duas das mais longas cartas de Paulo agora existentes foram escritas à igreja de Corínto. Pelo menos uma outra carta se perdeu (1Co 5:9)
CORAZIM - Gr. Chorazim, de significado incerto.

Um local situado num vale na direcção do Mar da Galileia, identificado com Khirbet Kerâzeh, cerca de 3 km a norte de Tell Hûm (Cafarnaum). Não é mencionado no VT mas é provavelmente a Karzayîm do Talmude (Menachoth 85a). As ruínas, incluindo as de uma antiga sinagoga construída com pedra basaltica preta local, são um marco no local. As escavações foram efectuadas pelo Departamento de Antiguidades da Palestina em 1926. Nas ruínas da sinagoga foi encontrada uma cadeira esculpida e com algumas inscrições, um exemplo da cadeira de Moisés referida em Mt 23:2. Cristo denunciou a cidade, juntamente com Cafarnaum e Betsaida, por terem testemunhado muitos dos seus milagres e terem ouvido muitos dos seus sermões sem que correspondessem aos seus apelos (Mt 11:21-24; Lc 10:13).