segunda-feira, 2 de março de 2009

ÉFESO - Gr. Ephesos.


Uma cidade a oeste da Ásia Menor, perto da nascente do Rio Cayster. Situava-se na junção de várias estradas comerciais no mundo grego e localizava-se na estrada principal entre Roma e o Oriente. Esta posição estratégica deu-lhe alguma importância, assim como o seu grande templo, o centro do culto a Artemis (Diana); os seus famosos livros de magia, os Ephesia Grammata (cf. At 19:19); e o poder económico da sua associação de banqueiros.
A cidade foi fundada pelos gregos ionianos no século XI AC, tornando-se na capital da confederação ioniana composta por 12 cidades. No século VI AC, foi tomada pelo rei lídio Croesus. Após a sua queda perante Ciro, foi integrada no Império Persa. Dois séculos mais tarde, caiu perante Alexandre, o Grande e depois mudou de mãos várias vezes durante os primeiros anos dos seus sucessores. Finalmente, caiu nas mãos dos Seleucidas, de quem os romanos a tomaram, após derrotarem Antíoco, o Grande, em Magnésia, em 190AC. A cidade foi depois dada ao reino do Pergamo. Quando aquele reino foi legado a Roma por Atalo III (133 AC), Éfeso tornou-se na mais importante cidade da província romana da Ásia.
A cidade sofreu imenso com o tremor de terra em 29 DC mas foi reconstruída por Tibério. Foi por esta nova e moderna cidade que Paulo e João passaram. Durante o século III DC, foi invadida pelos Godos, que destruíram o famoso templo de Artemis. Contudo, a cidade recuperou e em 431 DC foi ali que se realizou o terceiro concílio geral da Igreja. Neste concílio foram feitas importantes declarações concernentes à natureza de Cristo e Maria foi oficialmente declarada a “Mãe de Deus”.
Éfeso perdeu gradualmente a sua importância, devido à obstrução do porto com lama trazido do rio Cayster, tornando-se numa cidade em ruínas.
As primeiras escavações foram levadas a cabo por uma expedição britânica, sob as ordens de J. T. Wood, entre 1863 e 1874, tendo como resultado a descoberta das ruínas do templo de Artemis. Entre 1926 e 1935, os alemães, sob a direcção de J. Keil, escavaram igrejas e o ginásio de Éfeso e desde 1954, uma expedição austro-alemã tem trabalhado no local. Uma das mais impressionantes ruínas é o grande teatro construído na vertente oeste do Monte Piom. O seu auditório semicircular tinha 151 metros e a sua orquestra 33,5 metros. O palco tinha 6,7 metros de largura. O teatro continha 66 filas de assentos, acomodando 24.500 pessoas. Foi aqui que se deu o tumulto contra Paulo e os seus ensinos registado em At 19:23-41.
A estrada principal ligando o teatro ao porto era chamada a “estrada arcadiana”. Os seus 530 metros estavam pavimentados com placas de mármore, existindo aí várias lojas. À noite, a rua encontrava-se iluminada, algo pouco usual numa cidade antiga.
Outras ruínas escavadas em Éfeso são o agora, a biblioteca de Celso, ginásios, os banhos, várias igrejas do período cristão (entre as quais a igreja onde decorreu o concílio de 431 DC) e a igreja monumental que foi construída em honra do apóstolo João, que se crê tenha passado os últimos anos da sua vida nesta cidade.
Nada resta do grande templo de Artemis (Diana) a não ser um buraco que, na estação seca, revela algumas pedras dos seus fundamentos. Este edifício tinha quatro vezes o tamanho do Partenon, em Atenas, encontrando-se entre as sete maravilhas do mundo. Incorporadas na estrutura do templo estavam 117 colunas (Plínio, por engano, menciona 127), cada uma delas com 20 metros de altura. Trinta e seis delas estavam esculpidas com figuras de tamanho real à volta das partes mais baixas. Este templo era o centro de grandes festas que atraiam muitos visitantes, especialmente durante o mês de Artemisios (Março-Abril), o mês em que parece ter ocorrido o tumulto contra Paulo. Era também o local onde foram guardados os tesouros da associação de banqueiros, pela qual Éfeso era famosa. O seu objecto de culto era uma imagem da deusa Artemis, feita em madeira preta de oliveira, de acordo com algumas autoridades, ou de ferro meteórico, de acordo com outras (cf. At 19:35). Sendo considerada como uma deusa da fertilidade, a sua imagem continha vários seios. O templo encontrava-se inicialmente no centro da cidade, tendo sido construído em terrenos aluviais, na margem do rio Cayster. Contudo, uma vez que a cidade era frequentemente inundada pelo rio, Lisimaco, em 286 AC, mudou-a para longe do alcance da água. O templo de Artemis não foi mudado de local, ficando então fora das muralhas. Foi destruído pelos Godos por volta de 26 DC, não tendo sido completamente reconstruído. As suas colunas foram utilizadas na decoração de igrejas cristãs em locais tão distantes quanto Constantinopla (Istambul) e o templo em ruínas permaneceu como despojo de materiais de construção, até mais nada existir.
Em Éfeso, tal como na maior parte das grandes cidades do período imperial romano, existia uma comunidade judaica que possuía uma sinagoga (At 18:19; At 19:8, 17). Paulo, como habitualmente, começou a sua pregação na sinagoga, quando esteve em Éfeso. Esteve ali pouco tempo, quando se dirigia de Corínto para Jerusalém durante a sua segunda viagem missionária e depois esteve lá três meses durante a sua terceira viagem missionária (At 18:18; At 19:8). Depois de ter sido expulso da sinagoga, Paulo passou a reunir-se numa escola por mais dois anos (At 19:9, 10), até que o tumulto, iniciado pelo ourives de prata Demétrio, tornou aconselhável que ele saísse da cidade (At 20:1). Nessa altura, ele passara já três anos em Éfeso (At 20:31) e Provavelmente construíra aí um forte centro da cristandade, a partir do qual a mensagem se espalhou por outras cidades da Província da Ásia. Tal parece evidente devido ao facto de somente alguns anos mais tarde se encontrarem igrejas cristãs nas maiores cidades daquela Província (Cl 4:13-16; Ap 2:1 a 3:2). Ao voltar a Jerusalém, cerca de um ano depois de ter deixado Éfeso, Paulo foi visitado pelos líderes da igreja de Éfeso, em Mileto (At 20:16-38). Durante o seu primeiro encarceramento romano, Paulo escreveu a sua “Carta aos Efésios” e terá provavelmente visitado novamente Éfeso após a sua libertação (1Tm 1:3).
De acordo com a tradição, o apóstolo João passou vários anos da sua vida em Éfeso, tornando-se no líder reconhecido das igreja da Ásia Menor Ocidental. Foi a Éfeso que ele dirigiu a primeira das sete cartas escritas durante o seu exílio na ilha de Patmos (Ap 2:1-7).

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