quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BABILÓNIA - Heb. Babel.

Um nome geralmente atribuído ao sul da Mesopotâmea, zona que se estende desde o Golfo Pérsico até à latitude 34º. Este país era formado por depósitos aluviais e era muito fértil mas, uma vez que não chovia ali muito, era preciso recorrerem à irrigação. Nos tempos antigos, toda uma rede de canais trazia a água para todas as partes daquela área, tornando toda a região num virtual jardim de Deus. Inscrições antigas referiam-se a este país como Suméria ou Acádia, sendo a Suméria a secção sul do Golfo Pérsico, rondando a latitude 32º e a Acádia a secção norte. Ambas as secções eram salpicadas por inúmeras cidades grandes e pequenas. As cidades mais importantes da Suméria eram Ur, Uruk (a Ereque bíblica), Eridu, Nippur, Lagash, Larsa e Isin. Da Acádia eram: Babilónia, Kish, Cuthah, Borsippa e Sippar. Certos textos bíblicos dão o nome de Sinear à Acádia (Gn 10:10; Gn 11:2; Is 11:11) e outros chamam-lhe terra dos caldeus (Jr 24:5; Jr 25:12; Ez 12:13).
Os primeiros habitantes da parte sul desta região foram os sumérios, que falavam uma língua que não tinha qualquer afinidade com nenhuma outra língua conhecida, antiga ou moderna. Os sumérios desenvolveram um alto nível de civilização, inventaram a arte da escrita e dois sistemas de calculo - os sistemas decimal e sexagesimal. Dividiram o país em várias cidades-estado. As suas principais divindades eram Anu, o deus-céu; Enlil, deus da atmosfera; Dingirmah, deusa da terra e da fertilidade e Ea, deus das águas. De acordo com a chamada “baixa cronologia”, o primeiro período sumério foi substituído pela Dinastia Acadiana, no século XXIV AC, quando os governantes semíticos derrotaram os sumérios e tomaram todo o país. O grande rei Sargon, da Acádia, criou um império que se estendia desde o Golfo Pérsico até ao interior da Ásia Menor. Após um século de governação, esta dinastia foi deposta, ao se dar a invasão do povo das montanhas, os Guti. Dominaram sobre toda a Mesopotâmea, embora algumas cidades tenham gozado de uma certa autonomia, tal como a próspera Lagash, sob as ordens de Gudea, o seu capaz governante. Os Guti foram afastados pelos sumérios, após pouco mais de um século de governação. Os sumérios, por esta altura, experimentavam o renascimento do seu poder. Estabeleceram a terceira dinastia de Ur, a mais forte, que governou a Baixa Mesopotâmea desde 2070 até 1960 AC. Os reis desta dinastia codificaram as suas leis e construíram um império económico próspero e forte. Após a queda de Ur, o poder transferiu-se para as cidades de Isin e Larsa, onde permaneceu durante mais de 100 anos. No século XIX aC, o país foi invadido duas vezes - uma pelos elamitas, vindos das montanhas a este e outra pelos amorreus, vindos do deserto sírio. Os últimos fundaram a primeira dinastia forte da Babilónia por volta de 1830 aC. O sexto rei desta dinastia foi o famoso Hammurabi (1728-1686 AC). Derrotou o último rei de Larsa e dominou sobre praticamente todo o Vale da Mesopotâmia. Babilónia tornou-se na capital do império. Hammurabi é mais conhecido como legislador, embora tivesse sido muito mais do que isso. Foi também um sábio administrador e um patrocinador da literatura e da arte. A sua dinastia teve o seu fim por volta de 1550 AC, com a invasão dos hititas, sob o comando de Mursilis I. Estes invasores saquearam Babilónia, capturaram o seu rei e levaram a estátua de ouro do seu principal deus - Marduk. Durante este mesmo período, os cassitas, vindos do nordeste, invadiram o país e, durante vários séculos, dominaram sobre a Baixa Mesopotâmia. A sua capital era Dûr Kurigalzu, agora ‘Aqarquf, alguns quilómetros a oeste de Bagdad. A correspondência que um dos reis cassitas manteve com os reis do Egipto foi preservada, encontrando-se entre as Cartas de Amarna.
No século XIII AC, os assírios, então governados por Tukulti-Ninurta I, invadiram Babilónia. Também eles levaram a estátua de ouro de Marduk. Durante seis séculos, Babilónia esteve mais ou menos sob a dependência da Assíria. Era frequente ocorrer algumas rebeliões contra o jugo estrangeiro mas eram regularmente reprimidas. Tiglath-Pileser III (745-727 AC), que introduziu algumas inovações políticas e militares, coroou-se a ele próprio como rei da Babilónia, sob o nome de Pul. Sargon II também reinou como rei da Babilónia, mas Senaqueribe, cansado das constantes rebeliões, destruiu a cidade de Babilónia em 689 AC. Esaradom reconstruiu-a, após o que a cidade entrou no seu período mais florescente. Em 626 AC, Nabopolassar, um oficial caldeu, subjugou os assírios, declarando-se rei da Babilónia, tal como o fizera um dos seus parentes tribais, Marduk-apal-iddina, o Merodaque-Baladã bíblico, um século antes. A declaração de independência por parte de Merodaque-Baladã durou apenas dezoito anos mas o novo reino foi um sucesso, tornando-se num império que logo sucedeu ao dos assírios. Depois de Nabopolassar ter lutado contra os assírios durante vários anos com um sucesso desigual, juntou-se aos Medos e, com a ajuda deles, depois de um cerco de três meses, conquistou Ninive em 612 AC. Quando os conquistadores dividiram o Império Assírio, o rei babilónio ficou com toda a Mesopotâmia, a Síria e a Palestina. Foi-lhe necessário lutar contra o que restava da resistência assíria na Mesopotâmia Superior durante mais alguns anos e também com os egípcios, que tinham ajudado os assírios e que tentaram conquistar a Síria e a Palestina. Em 605 AC, Nabucodonozor, ainda príncipe, derrotou Neco, do Egipto, primeiro em Carquemis e depois em Hamate. Mais tarde, nesse mesmo verão, o seu pai morreu e ele sucedeu-lhe no trono. Seguiram-se campanhas anuais na Síria e na Palestina. Jerusalém foi conquistada várias vezes e após a terceira captura, em 586 AC, a cidade rebelde foi destruída e a sua população deportada para Babilónia.
Nabucodonozor foi um rei forte e um grande construtor. Ele praticamente reconstruiu a cidade de Babilónia e erigiu muitas estruturas noutras cidades. Após um bem sucedido reinado de mais de quarenta anos, seguiram-lhe vários governantes fracos, sob cuja ineficiente governação o império rapidamente se deteriorou. O seu filho Amel-Marduk, o Evil-Merodaque bíblico, reinou durante apenas dois anos (562-560 AC) e foi depois assassinado, tendo-lhe sucedido o seu cunhado Nergal-shar-usur, que reinou em Babilónia durante quatro anos (560-556 AC). Seguiu-lhe o seu filho Labashi-Marduk, que foi assassinado após um reinado de menos de dois meses. Os assassinos colocaram no trono um dos conspiradores - Nabonido. Este, vendo que a Pérsia representava um perigo, aliou-se ao Egipto, à Lídia e a Esparta. Fez também campanhas na Arábia e estabeleceu a sua residência em Tema, no noroeste da Arábia, aí vivendo durante alguns anos. Entretanto, o seu filho mais velho, Belsazar, foi nomeado co-regente, passando a governar em Babilónia. Em Outubro de 539 AC, apenas 23 anos após a morte de Nabucodonozor, o império cai nas mãos de Ciro, o Persa, quase sem luta. Ciro forçou a sua entrada no Vale da Mesopotâmia numa batalha em Opis e, dias depois, a capital foi subjugada, sem luta, pelos persas. Com a sua queda, terminou a história de Babilónia como poder independente. O reino tornou-se parte do Império Persa e foi, mais tarde, reduzido a uma província. O território foi depois subjugado por Alexandre, o Grande, pertencendo sucessivamente aos seleucidas, parcianos, sassanidos e outros; actualmente faz parte do Iraque.

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